Clima: Índios dão estratégia

17 03 2011

Os índios do Equador defendem a redistribuição da terra, o direito à água e a protecção da biodiversidade como elementos essenciais para combater as alterações climatéricas. Delfin Tenesaca, que lidera o maior grupo dos Ecuarunarinos [grupo de origem Kichwa, uma das línguas antigas faladas na região andina],  vê a mudança do clima como um assunto social urgente que só poder ser abordado pelas comunidades organizadas. Mesmo no Equador, localizado na linha do equador e bastante protegido da mudança climática pela floresta tropical amazónica, os glaciares estão derretendo rapidamente e a precipitação diminuindo gradualmente. Para os indígenas, a “Pachamama” ( ou a Mãe Terra) está doente. Nós estamos entrando  em um período de “vaciacad”, ou melancolia e  precisamos abraçar “Sumak Kawsay”, a boa maneira de viver e restaurar o balanço da Mãe Terra, diz Tenesaca. Traduzindo, isso significa que o mundo precisa abandonar as políticas neoliberais que favorecem os ricos. É preciso redistribuir a terra, tornar universal o direito à água e proteger a biodiversidade. Qualquer outro meio resulta em mudanças climáticas, pobreza e desigualdade. Indígenas por toda a América Latina estão ganhando confiança. Eles encabeçam a nova filosofia política, emergindo desde a Bolívia até a Venezuela. A mudança climática – especificamente o direito à água – é  um tema central para a revolução política em curso. Um dos arquitetos da constituição equatoriana é Humberto Cholando, o homem cotado para liderar todos os povos indígenas andinos. Este intelectual e produtor de cebolas, amigo do presidente boliviano Evo Morales, divide quatro hectares com o seus oito irmãos nas encostas nevadas do vulcão Coyambe. Além disso, liderou uma marcante batalha para proteger e prover água de milhares de pequenos agricultores. O povoado, por meio do consenso e sem a ajuda dos governos central ou regional, redistribuíram terras e o acesso à água, de modo a conservar as pastagens nas grandes altitudes da montanha ( que atuam como uma esponja gigante), aumentando o abastecimento de água em 10%, além de reparar milhares de aquedutos.  Esse é o modelo de “Sumak Kawsay”. Se ele fosse um projeto do Banco Mundial, teria custado bilhões e provavelmente não teria sucesso.

Fonte: Guardian





Descoberta ossada indigena

6 03 2011

Ossada terá 650 anos

Pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) anunciaram ontem, dia 5, a descoberta de cinco urnas funerárias indígenas, na reserva Caramuru-Paraguau, no município de Pau Brasil, sul da Bahia, a 551 km de Salvador. O local teria sido um cemitério indígena no passado, numa época ainda não precisa. As ossadas foram descobertas por índios pataxó, da nação hã-hã-hãe, que moram na região, quando faziam um plantio de mandioca. Umas dessas ossadas era de uma criança de idade presumida de sete a oito anos. Urnas de cerâmica idênticas foram encontradas em Porto Seguro em 1998. Estima-se que o achado em Pau Brasil tenha 650 anos.

Fonte: Terra Brasil





Mogno ilegal sai do Peru

4 03 2011

O governo do Peru tem secretamente admitido que 70 a 90 pro cento das suas exportações de mogno foram abatidas ilegalmente, de acordo com um telegrama da embaixada dos EUA revelado pelo Wikileaks. Além disso, o governo do Peru está ciente de que a madeira ilegal é ‘lavada’ usando ‘documentos falsificados’, ‘extração de madeira fora dos limites da concessão e subornos’. Os EUA terão importado 88 por cento das exportações de mogno do Peru em 2005. A maioria de mogno em perigo do Peru continua destinado aos EUA hoje. A notícia vem poucas semanas após a exploração madeireira ilegal no Peru ter ganho as manchetes internacionais, quando se verificou que os madeireiros se infiltraram em áreas protegidas e habitadas por tribos isoladas, forçando-as a fugir através da fronteira para o Brasil. Os madeireiros representam uma grave ameaça para os índios isolados Murunahua que poderão ser dizimados por doenças trazidas por estranhos ou enfrentar conflitos inter-tribais a medida que eles são expulsos de suas terras. Survival International está pedindo ao governo peruano para garantir que a terra Murunahua seja devidamente protegida. Segundo o director da Survival, Stephen Corry, “as autoridades estavam cientes da exploração madeireira ilegal no Peru; não foram capaz de admiti-lo, e pouco fizeram para impedi-lo. É inacreditável que após cinco anos, ainda vemos o desmatamento ilegal e sistemático e um completo fracasso para salvaguardar a terra habitada por povos indígenas vulneráveis”.

Fonte: Survival





Índios pedem ajuda à Europa

27 02 2011

Três índios da Amazônia estão em  viagem pela Europa para protestar contra a construção de hidroelétricas que ameaçam suas terras e que poderão destruir as vidas de milhares de indígenas. Ruth Buendia Mestoquiari, índia ashaninka do Peru, Sheyla Juruna, índia juruna da região do Xingu, e Almir Suruí, do povo suruí de Rondônia no Brasil, fazem um apelo para que três projetos de hidroelétricas na Amazônia sejam impedidos. Diversas empresas europeias participarão da construção das barragens, incluindo as francesas GDF Suez e Alstom, a alemã Voith e a austríaca Andritz.





Líder indígena assassinado

21 02 2011

Cacique Marcos Veron

O julgamento de três homens acusados de assassinar o líder indígena Guarani Kaiowá, Marcos Veron, está marcado para recomeçar hoje, dia 21, em São Paulo, Brasil. Marcos Veron, internacionalmente respeitado, foi espancado até a morte em 2003 por pistoleiros que trabalhavam para um fazendeiro local, após ter liderado a retomada da terra ancestral de sua comunidade em Mato Grosso do Sul. Veron disse sobre sua terra, “Isso aqui é minha vida, minha alma.
Se você me levar para longe desta terra, você toma minha vida. ”  “Sabemos que não vai trazer de volta o nosso pai e cacique Marcos Veron, mas irá devolver a nossa dignidade e ser respeitada como ser-humano, como um povo com sua diferença de viver e de ser”, disse Valdelice Veron, filha de Marcos. Os réus, Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde, funcionários da fazenda, que tomou as terras da comunidade de Veron, são acusados de homicídio, sequestro e outros crimes. O julgamento estava agendado para começar em Abril do ano passado, mas foi adiado por duas vezes porque o advogado de um dos réus supostamente começou um período psicologico de vinte dias e, em seguida, o juiz recusou a ouvir os depoimentos das testemunhas Guarani em seu próprio idioma. Grande parte das terras dos Guarani foi roubada para dar lugar a fazendas e plantações de soja e cana de açcucar. No ano passado, a gigante empresa de energia Shell firmou um acordo de joint-venture com a empresa de biocombustíveis Cosan, que compra da cana produzida em terras tomadas dos Guarani. Muitos Guarani  vivem em condições desumanas em reservas superlotadas, e alguns vivem em acampamentos improvisados na beira das estradas principais. Eles sofrem com taxas alarmantes de violência, desnutrição e suicídio, tal como comprovado por um relatório enviado à ONU pela Survival no ano passado. Comunidades Guarani, frustradas com a longa espera das autoridades para demarcar e proteger as suas terras, função a qual são obrigados a fazer por lei, às vezes, decidem voltar às suas terras ancestrais e reconquistá-las, como no caso da comunidade de Verón. Os líderes indígenas que coordenam as retomadas de suas terras são sistematicamente alvos de pistoleiros, que raramente são levados à justiça.

Fonte: Survival